terça-feira, 30 de novembro de 2010

Itália: arquitetura solar é tema de fórum internacional de energia

Pesquisadores reunidos na região do Trentino discutem integração de energia solar à arquitetura e à engenharia de edificações

“Fachada solar” de indústria em Freiburg, Alemanha
http://www.solarserver.com/solarmagazin/solar-report_1108_2_e.html

Inaugurado hoje em Bressanone, Norte da Itália, o 5º Fórum de Energia, que vai abordar temas em Solar Building Skins (“Envoltórias de Edificações Solares”), com ênfase na inovação de componentes integrados desenvolvidos para a indústria da construção civil, especialmente os multifuncionais e os que envolvem o uso de energias renováveis.

O objetivo do fórum é contribuir para a multidisciplinaridade de conhecimentos entre arquitetos, engenheiros, cientistas e gestores e industriais do setor de energia, com vistas a reduzir o consumo energético das edificações e, ao mesmo tempo, prover conforto e condições saudáveis aos seus ocupantes.

Os principais tópicos do colóquio são a integração de tecnologia solar (componentes fotovoltaicos e coletores térmicos - aplicação a bombas de calor e a outros sistemas de climatização) às fachadas e telhados, iluminação e sombreamento e performance energética de edificações.

Vila solar (energeticamente superavitária) em Freiburg, Alemanha
http://stashpocket.wordpress.com/2008/01/12/solarsiedlung-freiburg-rolf-disch/

Entre os membros do Comitê Científico do evento estão pesquisadores de instituições mundialmente renomadas, como o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e o Lawrence Berkeley National Laboratory, dos EUA, o Fraunhofer-Institute for Solar Energy Systems, da Alemanha e o Politecnico di Milano, Itália.

Além de europeus (da Itália, Alemanha, Espanha, Áustria, Inglaterra, Escócia, Bélgica, Suiça, Suécia e Dinamarca), participam do encontro pesquisadores dos Estados Unidos, México, Chile e Brasil.

Este blogueiro participa do evento, com a exposição do projeto de uma central de ar condicionado solar de 20 kW de potência frigorífica – com uma área total de coletores térmicos de 120 m2 – em desenvolvimento no Laboratório de Energia Solar (LES) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa.

Outra presença brasileira no fórum é a professora Iara dos Santos, da Universidade Federal de Minas Gerais, que vai expor um trabalho sobre a influência de diversos tipos de fachadas sobre o consumo energético de uma edificação.

A problemática do consumo energético em edificações

Na União Européia, os setores terciário e residencial são responsáveis por 40% de toda a demanda de energia, o que mostra a importância do tema em debate neste fórum.

Com a integração de componentes solares às edificações é possível, por um lado, reduzir o consumo de energia e, por outro, aumentar o “albedo” (parcela da radiação solar transmitida de volta ao espaço), contribuindo para evitar a formação de “ilhas de calor”, especialmente em grandes centros urbanos.

No Brasil, o consumo energético das edificações é extremamente elevado devido, entre outros fatores, à falta de critérios de eficiência térmica na escolha dos materiais de revestimento das construções.

No Nordeste, o consumo anual médio de eletricidade para climatizar uma residência equivale a cerca de 200 W/m2.

Já em zonas mediterrâneas da Europa (onde há necessidade tanto de calefação como de resfriamento), a potência anual média consumida em climatização pelas ecobuildings – edificações energeticamente eficientes – fica em torno de 50 W/m2.

Coletores solares térmicos sobre telhado (tecnologia de tubo evacuado, de fabricação chinesa) http://czlongquan.en.alibaba.com

Ao contrário dos países europeus, no Brasil a maior parcela da “carga térmica” (energia que deve ser dissipada do ambiente para gerar conforto aos seus ocupantes) tem origem na radiação solar incidente nos telhados. Isto porque nosso território se situa entre latitudes baixas.

Assim, captar essa energia antes dela ingressar no ambiente – através de coletores instalados no telhado (foto) – e usá-la como insumo em um equipamento de climatização, tal como proposto pelo grupo do LES/UFPB, significa reduzir consideravelmente o consumo elétrico, especialmente em grandes edificações.

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