O autor de “A Privataria Tucana” Amaury Ribeiro Jr e Paulo Henrique Amorim em debate ontem no Sindicato dos Bancários de São Paulo (FOTO: Antonio Pralon)
Um interessante debate (“Privataria Tucana e o silêncio da mídia”) reuniu ontem à noite, na sede do Sindicato dos Bancários de São Paulo, os jornalistas Paulo Henrique Amorim e Amaury Ribeiro Jr e o deputado federal (PCdoB) Protógenes Queiroz. Este blogueiro foi conferir.
Mal começou a falar o autor do livro-bomba, o auditório (lotado) o interrompeu para ovacionar Protógenes, que chegava atrasado. Não, não era uma ironia pela falta de pontualidade do parlamentar. Minutos antes tinham anunciado a aprovação pela Câmara dos Deputados de um pedido de sua autoria para instalar a CPI da Privataria. O deputado deixou Brasília, desembarcou em Congonhas e seguiu direto para o local do debate, no centro da capital paulista.
Um grande feito do ex-delegado da Polícia Federal, já que a criação da CPI foi aprovada com 35 votos além do mínimo necessário. “Tivemos assinaturas de parlamentares de todos os partidos e poderíamos ter obtido até 500, se não fosse este período de final de legislatura”, disse Protógenes durante o debate.
O autor do livro que deu origem ao pedido de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito também se manifestou: “é bom que saia mesmo esta CPI, porque o que tem no livro é muito pouco e, podem esperar, vai aparecer muito mais”, disse Amaury.
Sobre o silêncio da mídia, “uma boa parte do dinheiro desviado [dos cofres públicos] nas privatizações foram para grandes empresas de comunicação”, sustentou Amaury.
Ele também falou do descrédito que seu livro recebeu desses veículos de mídia, “que usam como argumento básico o mesmo discurso do PSDB, de que não haveria provas da roubalheira nas privatizações”, lembrou Paulo Henrique Amorim. “Será que precisa estar escrito no swift [documento de transferência bancária internacional] 'propina de privatização?'”, ironizou Amaury.
Auditório Azul do Sindicato dos Bancários de São Paulo, onde ocorreu o debate “Privataria Tucana e o silêncio da mídia” (FOTO: Antonio Pralon)
Paulo Henrique Amorim ressaltou o fato – de conhecimento de muitos da plateia – de que José Serra costuma pressionar dirigentes de empresas de comunicação para impedir a veiculação de matérias que possam comprometer sua imagem.
“Serra já pediu minha cabeça à Record duas vezes. Não conseguiu”, afirmou. Amorim revelou, ainda, que uma das mediadoras do debate, Maria Inês Nassif, também teve sua cabeça requisitada por Serra ao jornal Valor Econômico. Sem sucesso.
Já Protógenes Queiroz – que afirmou ter lido duas vezes “A Privataria Tucana” – destacou que “o livro é um documento [que conta] um pouco da história republicana do Brasil do período pós-democratização”. Em seguida, relatou várias investigações de desvio de verbas públicas feitas pela PF, especialmente as da Operação Satiagraha, que ele comandou e resultou na prisão de alguns banqueiros.
Queiroz falou, ainda, do “sumiço” de documentos do setor do Banco Central que cuidava da conversão de títulos da dívida externa brasileira no governo FHC, como forte indício de mais uma falcatrua bilionária a ser investigada.
Queiroz falou, ainda, do “sumiço” de documentos do setor do Banco Central que cuidava da conversão de títulos da dívida externa brasileira no governo FHC, como forte indício de mais uma falcatrua bilionária a ser investigada.
Durante o debate aberto ao público, um blogueiro arrancou gargalhadas dos debatedores e da plateia com a sugestão que fez a Amaury Jr: “você precisa traduzir logo seu livro para o francês, porque tem um ex-presidente lá doido pra ler”. Alusão a Jacques Chirac, que cumpre prisão domiciliar por desvio de dinheiro público durante o seu governo.
O debate “Privataria Tucana e o silêncio da mídia” foi organizado pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, com apoio do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, que vai disponibilizar o vídeo do evento em seu site (http://www.spbancarios.com.br/).
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