domingo, 18 de dezembro de 2011

‘Privataria Tucana’: mídia tradicional cai no ridículo ao ignorar livro de Amaury Ribeiro Jr, diz Luis Nassif

Para articulista econômico, ‘ao juntar todas as peças do quebra-cabeça e acrescentar documentos relevantes, Amaury escancara a história recente do País’

http://chargesbira.blogspot.com/2011/12/chargeando-por-ai.html

Os depoimentos que reproduzimos a seguir foram extraídos do artigo “O ruído virtual do silêncio”, do jornalista Rodrigo Martins, publicado hoje no site de CartaCapital. 

São manifestações de vários jornalistas e uma professora (vale a pena conferir!) a respeito do estrepitoso silêncio da chamada grande mídia sobre o livro “A Privataria Tucana” (Geração Editorial), do premiado jornalista Amaury Ribeiro Jr, lançado no último dia 9. A obra é um relato documentado de mais de dez anos de investigação sobre as maracutaias das privatizações na era FHC.

Venício Lima, sociólogo e jornalista, ex-professor da UNB: “Se esta mesma obra tivesse sido lançada dez ou 15 anos atrás, ela poderia ter amargado um fracasso de vendas. Não fosse pela repercussão na internet, em blogs e redes sociais, dificilmente as denúncias do livro teriam entrado para o debate público como ocorreu.”

Bob Fernandes, editor da e-revista Terra Magazine (três dias após o lançamento do livro): “Os citados no livro seguem em profundo silêncio. A mídia, sempre pronta a investigar e manchetear, como é de seu ofício, também segue em silêncio. Um silêncio estrondoso. Se continuar assim, um silêncio revelador.”

Luis Nassif: “Fica claro por que os jornais embarcaram de cabeça na defesa de Daniel Dantas, Gilmar Mendes e outros personagens que os indispuseram com seus próprios leitores. Foi um comprometimento tão amplo, orgânico, que agora a velha mídia não repercute mais nada que deponha contra Serra.”

Lúcia Hippolito, comentarista da Rádio CBN: “Por favor, não gosto de ser pautada. Não gostava na ditadura, não vou aceitar na democracia. Vou ler o livro com atenção e comentar”.

Ricardo Noblat, colunista de O Globo: “Vou ler sem pressa. Lula disse mais de uma vez que a grande imprensa não forma opinião. Portanto, o livro do Amaury não precisa de resenhas na grande imprensa para vender bem. As redes sociais se encarregarão disso. Não é?” 

Dora Kramer, colunista do Estadão: “Se a ‘mídia golpista’ não tem a menor importância, por que querem tanto que a imprensa comente o livro?”

Venício Lima: “Não dá para [a grande mídia] continuar atuando como um partido político, atacando os rivais e protegendo os amigos, porque esse tipo de postura é denunciado na internet. Não é à toa que há muito tempo eles perdem leitores e audiência.” 

Paulo Henrique Amorim, editor do site Conversa Afiada: “A internet ajudou a desmascarar Serra e a imprensa golpista, que está se enterrando agarrada às entranhas do nosso Mubarak. As farsas do tucano durante a campanha de 2010, como o espetáculo da bolinha de papel, foram desmascaradas na web. A mídia sempre deu respaldo às calhordices dele, e agora perdeu a credibilidade.”

Rodrigo Vianna, jornalista e editor do blog O Escrevinhador: “O livro fatalmente ficaria restrito aos poucos veículos de comunicação mais críticos, se os internautas não fizessem barulho na web. [A grande imprensa] consegue derrubar ministros e motivar investigações oficiais com facilidade, mas ela não detém mais o monopólio da agenda pública. Não consegue mais esconder um tema como esse.” 

Rodrigo Martins, jornalista de Carta Capital: O que a velha mídia tentou calar virou um estrondoso debate em blogs e redes sociais. Acabou o monopólio da pauta. A omissão dos principais veículos de comunicação revelou, sobretudo, a seletividade da mídia tradicional na cobertura dos escândalos políticos.

Cristina Mara Pinheiro Pereira, professora (em comentário sobre o artigo “O ruído virtual do silêncio”, de Rodrigo Martins):

“Como esperar que os jovens tenham atitude crítica e opinião formada na hora de escolher quem irá nos governar, se lhes é negada a verdade dos fatos, justamente por aqueles que têm a obrigação de trazê-la com isenção? Fico com nojo ao tomar conhecimento de que um Serra, que consegue lacrimejar diante das câmeras, não ruborize em apresentar uma filha corrupta, ladra do bem público; que o príncipe FHC encastelado em Brasília, compactue com uma força tarefa cuja incumbência maior era desviar nossos bens públicos, tornando-os propriedade de uns poucos. Quanto à mídia que sonega a informação, sinta-se responsável e conivente com mais esse assalto aos cofres do Brasil.” 

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