segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Cientistas do IPCC ironizam novo artigo de ‘céticos do clima’

Autores do texto desafiador não dominam ciência climática, dizem partidários de ideia da influência antrópica no clima 

http://www.metrolic.com/fraud-behind-global-warming-theories-4279/

Seis dias após a publicação de um artigo incendiário no The Wall Street Journal (em 27.1.12), desafiando o discurso hegemônico do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), a réplica veio curta e grossa.

Em resposta ao artigo No need to panic about global warming (“Não tenha medo do aquecimento global”), um grupo de cientistas do IPCC publicou – também no TWSJ – o texto Check with climate scientists for views on climate (“Para saber sobre o clima, consulte um especialista no assunto”). 

Em apenas 6 parágrafos – contra 14 do texto provocador – a turma do IPCC tratou de desqualificar os seus 16 autores. “Você vai ao dentista para fazer um checkup do coração?”, ironizam logo de cara. “A reputação dos que fazem ciência, assim como em qualquer outra área, vem do conhecimento que os especialistas adquirem e por suas publicações revisadas por pares”, alegam os 38 signatários da réplica.

Os autores do artigo (que provocou a irônica resposta da corrente majoritária de cientistas) levanta supostas inconsistências que sustentam as conclusões alarmantes do IPCC sobre o futuro do clima. A publicação gerou mais de três mil comentários e provocou a fúria de alguns internautas, que reverberaram o assunto nas redes sociais. 

A controvérsia científica em torno do aquecimento global não é nova, mas ressurge forte na mídia com o polêmico artigo do grupo de “dissidentes”. Para eles, o que tem aumentado a cada ano não é a temperatura da atmosfera, mas sim a quantidade de cientistas “hereges”, dos que não comungam da ideia “consensual” propalada pelo IPCC.

Os céticos do clima relembram o Climagate – o email do climatologista Kevin Trenberth enviado a um colega em 2009, que vazou – no qual ele afirmava que não se podia explicar a falta de aquecimento atmosférico naquele momento. 

A verdade é que, nos 22 anos desde os primeiros relatórios do IPCC, a intensidade do aquecimento foi bem menor do que previam os modelos. Este “embaraço” teria causado uma mudança no discurso do IPCC; substituíram “aquecimento” por “ocorrência de eventos extremos”. Ao contrário do que é anunciado, os dissidentes isentam o CO2 de ser o grande vilão do clima e atribuem ao vapor de H2O e à formação de nuvens o calcanhar de Aquiles dos modelos climáticos do IPCC.

O texto destaca, ainda, a opressão sofrida pelos cientistas que expõem dúvidas sobre a veracidade da influência do homem sobre o clima global. E relembram a forte represália sofrida por Chirs de Freitas – então editor do periódico Climate Research – que aprovou em 2003 a publicação de um artigo dos astrofísicos Willie Soon e Sallie Baliunas.

Este artigo trazia a conclusão “politicamente incorreta, mas factualmente correta”, de que nada havia de incomum no aquecimento verificado recentemente, no contexto das mudanças de clima ocorridas nos últimos mil anos. Freitas foi banido do periódico.

Já a resposta ao polêmico texto do grupo de dissidentes veio em tom de deboche; a argumentação central foi a de que eles não eram pesquisadores envolvidos diretamente em estudos avançados sobre o clima. 

Alegam que os estudos do IPCC são feitos pelos mais qualificados especialistas do mundo, nas melhores instituições, e suas conclusões são corroboradas por 97% da comunidade científica.

“Observações mostram de forma inequívoca que a última década foi a mais quente (...) o mundo está aquecendo-se e os humanos são os principais responsáveis”, afirmam. Mas nada mencionam sobre vapor d’água e nebulosidade. 

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