Metanol obtido em unidade
experimental da Air Fuel Synthesis
http://blogs.telegraph.co.uk/news/tomchiversscience/100185756/want-petrol-from-fresh-air-you-need-a-carbon-tax-first/
A
notícia foi divulgada com estardalhaço pela mídia inglesa na última
sexta-feira; o The Independent deu em
manchete: “Cientistas pioneiros transformam ar ambiente em gasolina; um enorme
avanço na luta contra a crise energética”.
Os autores da façanha foram pesquisadores da pequena refinaria Air Fuel Synthesis, no norte do Reino Unido, que desenvolveram um equipamento
de laboratório capaz de produzir metanol, a partir do ar. Um projeto de dois
anos e US$ 1,6 milhões.
Os componentes usados na produção do combustível à base de hidrocarboneto são o gás
carbônico (presente na atmosfera) e a água. O processo é similar ao da
fotossíntese realizada pelas plantas, que – na presença de luz – utilizam CO2 e
H2O para obter glicose, um composto com alto teor energético.
Do
mesmo modo que as plantas precisam de energia luminosa para sintetizar
compostos orgânicos, a formação de hidrocarbonetos – que vão dar origem ao
combustível extraído do ar – requer eletricidade. Isto porque é preciso quebrar
as moléculas de água, através de um processo chamado eletrólise, que só ocorre à
custa de energia elétrica.
O
procedimento para obtenção da gasolina, a partir do ar, não é propriamente uma
novidade; em sistemas de captura de CO2 instalados em usinas termelétricas, um
dos subprodutos é o metanol.
Esta
substância, um tipo de álcool, tem diversas utilidades; por exemplo, é usado como solvente
industrial, combustível (de carros de corrida e aviões a jato) e insumo energético para
células de combustível.
Esquema do processo de obtenção de combustível, a
partir de CO2 do ar e água. Adaptado de
http://phys.org/news/2012-10-air-fuel-synthesis-petrol-future.html
Os
méritos do dispositivo experimental da Air
Fuel Synthesis são o uso de CO2 captado diretamente da atmosfera e a
continuidade do processo de produção do combustível em uma unidade compacta.
Pesquisas
sobre a obtenção de metanol, a partir de CO2 do ar, já existem em outros
países, como Estados Unidos (Universidade de Princeton), Japão (Centro de
Tecnologia Industrial Tokushima), Alemanha (Centro de Estudos de Materiais de
Freiburg) e Islândia (Carbon Reclycling
International).
“A
única coisa que pretendemos demonstrar é que no Reino Unido é possível produzir
gasolina, a partir do ar; temos ainda muito trabalho pela frente para diminuir
custos e desenvolver uma cadeia de distribuição”, declarou à BBC Peter
Harrison, diretor da Air Fuel Synthesis.
Segundo
Harrison, a empresa planeja a construção de um equipamento com capacidade para
produzir uma tonelada de metanol por dia; a unidade deve entrar em operação em
2015.
Para
Mark Carpenter, pesquisador da Universidade de Cranfield, Inglaterra, embora
hidrocarbonetos sejam uma ótima maneira de armazenar energia, a única forma de
garantir a sua sustentabilidade é fazendo uso de fontes de energia limpa. Além disso, é preciso que o equipamento alcance uma
eficiência razoável, diz Carpenter.
Já o engenheiro químico Paul Fennel, do Imperial College, de Londres, alega que a vantagem aparente dessa técnica de obtenção de combustível líquido – a de não exigir mudança estrutural do atual sistema de transporte – é comprometida pelo alto consumo elétrico requerido, o que torna custoso o processo.
Já o engenheiro químico Paul Fennel, do Imperial College, de Londres, alega que a vantagem aparente dessa técnica de obtenção de combustível líquido – a de não exigir mudança estrutural do atual sistema de transporte – é comprometida pelo alto consumo elétrico requerido, o que torna custoso o processo.
Do ponto de vista da eficiência energética, seria mais interessante utilizar diretamente a energia elétrica e apostar no desenvolvimento de veículos movidos à eletricidade, declarou Fennel em entrevista à BBC Brasil.
Em todo caso, para que a tecnologia da Air Fuel Synthesis venha a se tornar viável, competitiva, é preciso reduzir substancialmente o consumo de eletricidade, e que essa energia seja de origem renovável (eólica ou solar, por exemplo), com custos relativamente baixos. Algo impensável para um horizonte de curto ou médio prazo.
Fonte: http://www.bbc.co.uk/mundo/noticias/2012/10/121019_ciencia_gasolina_aire_diferencia_tsb.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário