quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Tecnologia fotovoltaica: aplicações e alcance global

Pesquisadores cearenses Sandro Jucá e Paulo Carvalho defendem uso da tecnologia solar para produzir água potável 

Energia solar fotovoltaica poderia abastecer sertão com água potável em períodos de seca
 http://www.ipunoticias.net/2012/05/nordeste-enfrenta-pior-seca-dos-ultimos.html

Embora no Brasil seja de uso restrito a algumas áreas remotas, a tecnologia fotovoltaica poderia ser usada para produzir água potável, contribuindo para amenizar a vida de milhões de brasileiros que vivem em regiões sujeitas a secas. 

No recém-lançado livro Métodos de dimensionamento de sistemas fotovoltaicos: Aplicações em dessalinização, Sandro Jucá e Paulo Carvalho mostram como. A publicação é da Espaço Científico Livre Projetos Editoriais (Duque de Caxias: 2013).

A conversão direta da luz solar em eletricidade vem sendo cada vez mais adotada por países industrializados que buscam tornar suas matrizes energéticas menos poluentes. No ano passado, os cinco maiores mercados fotovoltaicos do mundo foram Alemanha, China, Itália, Estados Unidos e Japão. 

A capacidade global instalada com energia solar fotovoltaica alcançou em 2012 a marca de 70 GW, com novas instalações somando 30 GW. Segundo a Agência Internacional de Energia, a energia fotovoltaica deve responder por 1/3 da produção global de eletricidade renovável até 2017, ou 230 GW – um crescimento de mais de 300% em relação à potência atualmente instalada. 

A consultoria McKinsey & Co projeta para 2030 uma capacidade fotovoltaica global de até 600 GW, quase cinco vezes toda a capacidade elétrica instalada no Brasil hoje. 

Diversas são a aplicações da energia solar fotovoltaica, entre elas: espaciais (espaçonaves e satélites), telecomunicações, uso residencial, agrícola (irrigação), industrial, usinas elétricas e geração distribuída (instalações conectadas à rede). 

No Brasil, a energia fotovoltaica é usada ainda de forma incipiente, sem nenhum impacto em nossa matriz energética. No entanto, uma das aplicações “nobres” dessa tecnologia aqui seria a produção de água potável – como destacam os pesquisadores Sandro Jucá (IFCE) e Paulo Carvalho (UFC) – especialmente em áreas altamente ensolaradas, onde a disponibilidade de energia solar é alta e as distâncias (para se expandir a rede elétrica) são grandes. 

Conforme é destacado em Métodos de dimensi0namento de sistemas fotovoltaicos, a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS) estima que 19,5 bilhões de m3 podem ser extraídos do subsolo do Nordeste, cerca de 40 vezes mais do que hoje é aproveitado. 

Este gigantesco reservatório poderia ser explorado de forma sustentável, amenizando consideravelmente os efeitos das secas na região. Esta água, normalmente salobra, pode ser dessalinizada por eletrodiálise – processo que requer eletricidade, a qual poderia ser suprida por painéis fotovoltaicos, defendem Jucá e Carvalho. 

“[Métodos de dimensionamento de sistemas fotovoltaicos é] uma ferramenta de fácil utilização para o dimensionamento de sistemas fotovoltaicos autônomos e de dessalinização por eletrodiálise em regiões áridas e semiáridas que apresentem problemas no abastecimento de água potável”, assinalam os autores do livro. 

Esta e outras aplicações da energia solar fotovoltaica em áreas remotas não conectadas à rede elétrica parecem se justificar, embora os custos dessa fonte renovável para a geração elétrica em grande escala sejam ainda proibitivos em nosso país.

Apesar de já regulamentada pela Aneel, a geração individual de eletricidade fotovoltaica no Brasil está longe de se tornar economicamente viável. Um telhado fotovoltaico para gerar energia para uma família de 4 pessoas custa cerca de R$ 18 mil, com retorno do investimento previsto para 10 anos; a vida útil dos painéis é estimada em 35 anos, e a garantia dos fabricantes varia entre 20 e 25 anos.

Um questão de prioridade, sem dúvida. Enquanto a Alemanha – onde a incidência de radiação solar é pífia comparada à do Brasil – tem 35% de toda a capacidade fotovoltaica instalada no mundo, nossa participação no aproveitamento global dessa fonte é de apenas 0,04%.

Fonte: http://issuu.com/espacocientificolivre/docs/metodosdedimensionamentodesistemasfotovoltaicos

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