segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Clima: IPCC promete relatório ‘inatacável’

Reunidos em Estocolmo, especialistas do Painel da ONU devem ratificar influência humana sobre mudança climática

http://www.lnt.ma/actualites/les-travaux-du-giec-sur-le-rechauffement-climatique-souvrent-a-stockholm-85976.html

A quinta edição do relatório do IPCC terá sua primeira parte divulgada na próxima sexta-feira, no encerramento da reunião de um grupo de cientistas do painel, iniciada hoje na capital sueca. 

O documento está baseado “em milhões de medições feitas na atmosfera, no solo, nos glaciais e no espaço, permitindo uma visão sem precedente e imparcial da evolução do clima global”, afirmou um dos signatários, Thomas Stocker.

Após o rotundo fracasso da última conferência mundial, realizada em Copenhague em 2009, marcada pelas falhas técnicas do relatório de 2007, o presidente do IPCC Rajendra Pachauri garante que “as provas científicas da mudança climática tem se reforçado a cada ano, deixando pouca margem de dúvida”. 

Mesmo congregando uma quantidade significativa de especialistas (em climatologia, oceanografia, glaciologia) do mundo todo, o IPCC tem sido contestado por parte da comunidade científica, a cada novo relatório publicado. 

Entre os chamados “céticos do clima”, está o físico francês François Gervais, que acaba de lançar o livro L’innocence du carbone - l’efffet de serre remis en question (“A inocência do carbono – o efeito estufa questionado”; Paris: Albin Michel, 2013). 

Com base em dados do próprio IPCC, Gervais coloca em dúvida o papel decisivo do CO2 antrópico sobre o clima global. “Um aumento do CO2 não terá uma influência expressiva, mensurável, sobre a temperatura do planeta”, defende Gervais. 

De acordo com o físico francês, medidas da temperatura do solo nos últimos 17 anos mostraram que seu valor permaneceu constante, enquanto que no mesmo período o homem foi responsável por 1/3 do CO2 atmosférico emitido desde o final do século XIX. “É o CO2 que segue a temperatura; tomaram uma consequência por uma causa”, finaliza. 

Para o cientista climático Peter Hildebrand, diretor da Divisão de Ciências da Terra da NASA, até a Revolução Industrial, era a temperatura que determinava o teor de CO2 atmosférico; a partir da Revolução Industrial, o CO2 passou a controlar a temperatura do planeta.

Essa primeira parte do 5º relatório do IPCC (Grupo de Trabalho 1) deverá reforçar a tese da influência do homem sobre o clima, a intensificação de fenômenos extremos e revisar previsões para a temperatura global e a elevação do nível do mar. 

As projeções serão apresentadas em dois capítulos, até e após 2050.  O primeiro será centrado nos aspectos regionais da alteração climática; o segundo abordará irreversibilidades de longo prazo, incluindo a formação de nuvens, análise de aerossóis e transferências radiativas. 

O documento completo será apresentado em mais três etapas. A próxima está prevista para março de 2014 (GT-2), em Yokohama, Japão, e versará sobre as consequências e riscos da mudança do clima para o meio ambiente e as sociedades humanas. 

A terceira etapa da divulgação (GT-3) ocorrerá em abril (em Berlim), e focará os meios de mitigação dos riscos, pelo controle da emissão de gases de efeito estufa, e adaptação a uma atmosfera com maior teor de CO2. 

Finalmente, um relatório síntese será apresentado em outubro (em Copenhague), e servirá de base para a 21ª Conferência do Clima da ONU, que acontece em 2015 em Paris. 

O Brasil é representado no IPCC pelo grupo de especialistas do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC). O levantamento de dados nacionais – divulgado pelo PBMC recentemente, em São Paulo – mostra um aumento das emissões no setor de energia, responsável por quase 1/3 dos gases de efeito estufa gerados no país. 

No período de avaliação, de 2005 a 2010, a produção de energia dobrou suas emissões, passando de 16% para 32%, embora quase 87% da nossa matriz elétrica em 2010 tenha sido de origem renovável. 

O setor agropecuário foi o que mais emitiu (35% do total, ante 20% em 2005). Em terceiro lugar está o uso de solos e florestas (queimadas), com 22% das emissões totais, ante 57% em 2005. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário