segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Fotovoltaico na França: estufas agrícolas na mira do mercado

Instalação piloto de 2,5 MWp montada sobre telhado de estufa já existente é testada com sucesso 

Estufas agrícolas em Perpignan, região de Languedoc-Rousillon, França (FOTO: Antonio Pralon)

O cultivo em ambientes fechados, aquecidos por efeito estufa (“aprisionamento” dos raios solares), tem crescido no mundo a uma taxa anual média de 10% nos últimos 30 anos. 

O telhado dessas estufas constitui uma superfície disponível atraente para a instalação de módulos fotovoltaicos, desde que não prejudique o desenvolvimento das plantas.

A Fonroche – fabricante de painéis fotovoltaicos para centrais solares – e cooperativas agrícolas do Sul da França firmaram uma parceria para instalar sistemas fotovoltaicos em 27 hectares de estufas, representando uma potência total de 24 MWp (mega-watt-pico), ao custo de 50 milhões de euros. 

A Tecsol – consultoria de projetos na área solar, com sede em Perpignan – realizou estudos que comprovam a viabilidade da geração fotovoltaica sobre telhados de estufas agrícolas na região do Languedoc-Roussillon (sudoeste da França). 

“Mesmo usando tecnologia clássica, de células em suporte opaco, com painéis ocupando metade do telhado (a parte apontada para o Sul), a luminosidade disponível garantiu uma boa produção de legumes, e a eletricidade gerada permitiu cobrir os custos da instalação”, declarou o agricultor Francis Vila. 

Em Montélimar (França), na região de Rhône-Alpes, a empresa suíça Tritec foi uma das primeiras a instalar uma central fotovoltaica sobre estufas de vidro já existentes, em uma fazenda de agricultura orgânica. Com capacidade de 2,5 MWp, o sistema de geração solar é formado por 13.440 módulos fotovoltaicos e foi conectado à rede no final de 2011. 

Nem todas as plantas podem crescer saudavelmente com a limitação da luminosidade causada pela parte do telhado coberta pelos painéis solares. A cultura de tomate, por exemplo, necessita uma quantidade de luz maior, e, portanto, a área transparente dos telhados de estufas destinadas à sua produção não pode ser reduzida. 

Para mitigar este problema, ou seja, para reduzir o sombreamento no interior das estufas, o Instituto Sophia Agrobiotech (Inra) lançou no final de 2012 um projeto de P&D para desenvolver células fotovoltaicas transparentes. 

Parceira do projeto, a Sun Partner – empresa que criou a tecnologia WYSIPS (Wath You See Is Photovoltaic Surface) – pretende associar o substrato em silício policristalino a microlentes, de modo a obter módulos solares transparentes. 

A concepção do projeto é desenvolver estufas em material plástico, integrando a tecnologia WYSIPS (adaptada a substratos transparentes) em toda sua superfície. 

“Poucos países continuam a instalar estufas de vidro. Já se dispõe de estufas de plásticos de alta tecnologia e baixo impacto ambiental; este tipo de estufa agrícola representa o futuro”, declarou Christine Poncet, diretora do Inra. 

No continente europeu, Espanha e Itália são os dois países que mais implementaram projetos de estufas agrícolas fotovoltaicas. No entanto, com a crise econômica, que também afetou o setor fotovoltaico em vários países da Europa, estes projetos estagnaram-se. 

Fora das fronteiras europeias, novas instalações de estufas fotovoltaicas florescem; a Fonroche, por exemplo, tem desenvolvido projetos no México, Porto Rico e Brasil. 

Fonte: Le journal du Photovoltaïque, hors-série Nº 10, Novembre 2013

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