sábado, 4 de janeiro de 2014

2014: ano decisivo para a energia solar térmica na França

Agência de fomento e especialistas visam ‘paridade calor’ até 2020, com ajuda de plano de estímulo ao setor

Aquecimento solar no centro de detenção de Neuvic-sur-l’Isle, na Dordogne (França): 170 coletores solares em 326 m2 pré-aquecem água de banho usada por 400 detentos; uma economia anual de 18 mil euros em combustível (FOTO: Tecsol)
Le journal des Énergies Renouvelables Nº 217, set.-out. 2013
 
A falta de competitividade das instalações solares para aquecimento de uso coletivo é o principal entrave para o desenvolvimento consistente da energia termossolar na França. 

A Agência Ambiental e Reguladora de Energia (Ademe, na sigla em francês) e associações profissionais preparam, desde o final de 2012, um plano para revigorar o setor, que deve ser lançado ainda este ano.

Com pouco mais de 300 mil metros quadrados de área acumulada de coletores em 2009, o mercado solar térmico francês viveu o seu ápice em 2010 (com 32.435 m2 instalados) e, desde então, declinou. 

Em 2012, foram apenas 18,1 mil m2 de área nova – representando uma economia de combustível fóssil de 976 tep (toneladas equivalentes de petróleo) – e, em 2013, estima-se que este número tenha caído para 12 mil m2, uma queda anual de 30%. 

Especialistas apontam como a principal causa dessa retração a falta de competitividade dos sistemas de aquecimento solar frente aos aquecedores convencionais. 

O vigoroso crescimento do setor, especialmente entre 2004 e 2009, deveria ter implicado em uma queda no custo médio das instalações solares. Mas permaneceu estável. 

“O valor atual do kWh é em torno de 14 centavos de euro (c€), quando deveria ser de 7 c, a história do ovo e da galinha”, declara Richard Loyen, representante da Enerplan – sindicato profissional da energia solar na França. 

Para Loyen, sem preços baixos não haverá aumento da demanda de instalações coletivas de aquecedores solares; os preços só cairão com o crescimento e a concorrência, adverte. Já a Ademe, em seu planejamento estratégico (publicado em 2012), revela otimismo sobre a evolução do setor solar térmico ao horizonte de 2020. 

“Simplificação das instalações, dimensionamento adequado dos sistemas, manutenção eficaz e sinergia entre os diversos atores permitirão reduzir o custo do kWh térmico solar entre 30% e 50%”, diz o documento da Ademe. 

Para explorar as fontes de economia potencial já identificadas, a Ademe preparou – em parceria com profissionais da energia solar térmica – um plano de ação para 2014, um ano considerado crucial para o setor. 

Além de subsídios aplicados pelo conceito de ‘tep economizadas’, a concepção do plano inclui medidas de eficiência energética nas edificações onde os sistemas solares são instalados e exalta a geração de empregos locais. 

A meta do plano é alcançar a “paridade calor” – conceito que define o valor a partir do qual o kWh térmico solar torna-se competitivo sem subsídio – que depende principalmente da produtividade da instalação solar e do custo das energias substituídas, atualmente com preços em alta. 

Segundo um estudo do Enerplan, para almejar a paridade calor, o custo do kWh solar para aplicações individuais de água quente deveria cair (do valor atual, entre 20 e 25 c) para 12 c em 2020. 

Já para instalações coletivas de água quente sanitária e climatização, o preço do kWh solar teria que baixar pela metade, ou seja, passar dos atuais 20 c para 10 c€ até o final da década. 

Fonte: Le Journal des Énergies Renouvelables Nº 217, setembro-outubro de 2013

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