quarta-feira, 19 de março de 2014

Clima: São José ‘manda’ chuva abundante para sertão e litoral da Paraíba

Crença popular é respaldada por fenômeno natural que atinge boa parte do Nordeste, diz PhD em meteorologia

Açude nas proximidades de Teixeira-PB (FOTO: Sara Rao)

No dia do santo mais venerado entre agricultores nordestinos, choveu no sertão paraibano muito acima da média: 203 mm. Um alento para os habitantes da região, que frequentemente sofrem com a seca. 

Para o professor da UFAL e especialista em meteorologia, Luiz Carlos Molion, a crença do sertanejo em São José “tem uma ponta de fundamento científico”, como afirmou em entrevista ao jornal Correio da Paraíba.

Fenômeno bem familiar aos cientistas do clima, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) seria o grande responsável pelas chuvas que ocorrem nessa época do ano, “principalmente na parte norte da região Nordeste”, disse Molion. 

“Em uma área situada paralela à linha do Equador, ventos do hemisfério Sul interagem com os do hemisfério Norte, causando chuva em Estados como Piauí, Rio Grande do Norte, Ceará e algumas regiões da Paraíba”, explicou o doutor em Meteorologia pela Universidade de Wisconsin (EUA). 

Este fenômeno se desloca da região equatorial e atinge boa parte do território nordestino – áreas situadas em até 3 graus de latitude Sul – coincidindo justamente com o dia de São José e prenunciando as chuvas de inverno, afirmou Molion. 

O triunfo das águas neste dia de São José confirma o que a meteorologia já previa: um inverno com 20% a mais de chuvas que a média, especialmente no norte da região Nordeste. Isto porque este ano a ZCIT deve ser mais intensa do que nos dois anos anteriores. 

Já na parte leste do Nordeste, a zona costeira onde ficam as capitais, como João Pessoa, a intensidade das chuvas deve ficar dentro da normalidade, destacou o professor da UFAL. 

Segundo Luiz Carlos Molion, até 2019 devem ocorrer períodos anuais de seca intensa alternados com outros mais chuvosos. Um cenário de “configurações climáticas globais” semelhante ao observado na década de 50, quando o semiárido brasileiro amargou 11 anos de estiagem. 

Enquanto falta água nos rincões mais isolados do Nordeste, na capital paraibana quase 40% de toda a água tratada (20 bilhões de litros por mês) jorra por vazamentos ou ligações clandestinas. Os dados são da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa). 

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