quinta-feira, 1 de maio de 2014

Energia de mares e oceanos: ‘pescaria’ de megawatts à vista!

Eólicas flutuantes e turbinas acionadas por correntes marinhas são as tecnologias mais promissoras

Ilustração de um parque de hidrogeradores (turbinas acionadas por correntes marinhas)
http://www.marineturbines.com/SeaGen-Products

A corrida à exploração de mares e oceanos como fonte de energia intensificou-se nos últimos anos, principalmente na Europa. 

O aproveitamento comercial do gigantesco potencial de águas salinas para gerar eletricidade pode se tornar realidade antes do previsto. Até 2016, devem entrar em operação na França as primeiras usinas baseadas em correntes marítimas.

Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), até 2050 será possível dispor – com a força dos ventos, ondas e correntes marítimas – de uma potência total de 750 GW (seis vezes a capacidade instalada do Brasil) em águas marinhas a poucos quilômetros dos litorais. 

A possibilidade de se produzir eletricidade a partir de uma fonte de energia limpa e renovável, como mares e oceanos, tem atraído cada vez mais a atenção de empresários europeus que atuam no setor. 

Em 2013, foram instalados em águas marinhas pelo mundo afora cerca de 1,7 GW de potência eólica, na forma de aerogeradores de mastro fixo, essencialmente no Mar do Norte, mais especificamente em costas britânicas. 

Estima-se que atualmente o parque eólico global baseado neste tipo de tecnologia – considerada por especialistas como “madura” – alcance algo como 7 GW. 

Dispondo do segundo maior potencial eólico marinho do mundo (atrás apenas do Reino Unido), estimado em 40 GW, a França deu um primeiro passo visando intensificar sua exploração. Há 3 anos, disponibilizou em leilão 2 GW, visando atender a meta de instalar 6 GW até 2020. 

Apesar de ainda não muito bem conhecido, o potencial energético de águas marinhas francesas para o uso de aerogeradores flutuantes pode chegar a 20% do total disponível na Europa. 

Segundo especialistas, em regiões com ocorrência de ventos fortes, como as costas da Normandia, Bretanha, Golfo de Lion no Languedoc e Sul da Córsega, é possível produzir 200 mil GWh de energia por ano, com turbinas geradoras operando entre 3 e 4 mil horas anuais. 

Além da eólica a mastro fixo e da eólica flutuante, hidrogeradores que aproveitam a energia das correntes marítimas representam também uma tecnologia promissora. Trata-se de transformar em eletricidade a energia cinética das correntes produzidas por marés. 

Turbinas subaquáticas (imagem) tem uma “densidade energética” em torno de 800 vezes maior que a de aerogeradores de mesmo diâmetro. Outra vantagem, é que essa tecnologia baseia-se em correntes de marés bem conhecidas, contínuas e previsíveis. 

Operando submersos, hidrogeradores são inaudíveis e não modificam a paisagem, facilitando sua aceitação pela população. Sua principal desvantagem é que são rentáveis somente para velocidades de corrente acima de 2,5 metros por segundo. Pelo menos no estágio tecnológico atual. 

A grande vantagem das instalações eólicas marítimas tradicionais – sustentadas pelo know-how da indústria petrolífera – é o fato de terem alcançado a maturidade. Já se fabricam turbinas eólicas de mastro fixo de 10 MW. 

Por outro lado, mesmo que o fator de escala leve a uma diminuição de custos, a rentabilidade (“paridade rede”) desse tipo de instalação pode não ser atingida, devido à complexidade das operações no mar, às grandes extensões de cabos para levar a eletricidade produzida até os centros consumidores. 

Já a tecnologia da eólica flutuante tem a vantagem de poder ser instalada em plataformas mais profundas (além dos 50 metros, atual limite para se fixar os mastros das turbinas convencionais), podendo chegar a 200 metros. 

Isto amplia muito a possibilidade de exploração de ventos mais fortes e constantes (em zonas mais afastadas da costa), o que permitiria usar turbinas maiores. 

A principal desvantagem são ainda os altos custos, uma vez que a extensão de cabos (para transportar a energia até a costa) é ainda maior e há problemas técnicos a resolver, como o aumento do peso dos cabos de sustentação, que pode dobrar em 4 anos pelo depósito de micro-organismos. 

Em 2013, o governo francês lançou um edital de incentivo para a exploração da energia de correntes no litoral de Côtes-d’Armor, na região da Bretanha. 

São previstas 3 a 5 usinas piloto – cada uma dotada de 4 a 10 hidrogeradores, representando uma potência total de 80 MW – com entrada em operação a partir de 2016. 

Fonte: Le Journal des Energies Renouvelables Nº 220, março-abril 2014

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