quarta-feira, 2 de julho de 2014

Solar fotovoltaico: células a base de sal de tofu são testadas com sucesso na Inglaterra

Ambientalmente segura, nova técnica utiliza composto salino abundante no mar

Sal MgCl2 usado na fabricação da iguaria asiática (Tofu) pode tornar produção fotovoltaica mais limpa http://foodbloglacrosse.blogspot.com.br/2013/09/cooking-with-tofu-i-dont-fear-tofu_1.html

Pesquisadores da Universidade de Liverpool desenvolveram um método inovador para a fabricação de células solares. Um passo importante rumo a uma produção fotovoltaica mais limpa. 

De baixo custo e sem impacto ambiental, a nova técnica permite obter células em camada fina com rendimento otimizado.

Cloreto de magnésio – substância não tóxica presente na água do mar e no tofu – é pulverizado sobre uma superfície fotovoltaica, substituindo o cloreto de cádmio (de alta toxidade) usado no processo de fabricação convencional de células solares de camada fina. 

“Um ingrediente do tofu pode revolucionar a produção de painéis solares”. A manchete bombástica do comunicado da Universidade de Liverpool despertou curiosidade. 

Mas muito além de uma extravagante notícia, os resultados obtidos pela equipe liderada por Jon Major não só mereceram publicação na conceituada Nature, como tiveram reconhecimento de outros grupos internacionais de pesquisa em solar fotovoltaico. 

“Verdadeiras revoluções são raras, mas neste caso foi vencida uma etapa importante rumo à redução dos custos de produção de células solares”, declarou Ayodhya Tiwari, líder do grupo de pesquisa fotovoltaica do Laboratório Federal de Pesquisa e Testes de Materiais (EMPA, na sigla em alemão), de Dübendorf, Suíça. 

Major lembrou em um recente congresso realizado em Copenhague que células solares sólidas de silício ainda dominam 90% do mercado mundial. “Mas no futuro, células fabricadas em camadas finas e flexíveis devem ganhar espaço”, completou. 

Para converter energia solar em eletricidade, a célula fotovoltaica comum tem espessura em torno de 200 micrometros, e é fabricada com silício de alta pureza. Já as de camada fina podem ter espessura de alguns micrometros, requerendo bem menos material de base. 

Entre essas últimas, estão as células de telureto de cádmio (CdTe), um composto tão estável quanto o cloreto de sódio (NaCl, o “sal de mesa”). No entanto, uma vez separados os dois elementos, o sódio torna-se explosivo, e o cloro um veneno. Do mesmo modo, o cádmio puro torna-se tão perigoso quanto o mercúrio. 

O problema é que camadas brutas a base de CdTe transformam apenas 2% dos raios solares em eletricidade. E para aumentar a eficiência da célula (até 15% ou mais), é aplicado um solúvel a base de cloreto de cádmio (CdCl2), um composto altamente tóxico e caro. 

O “ovo de Colombo” dos pesquisadores britânicos foi buscar outros componentes clorados que produzam efeito similar ao do CdCl2, mas sem toxidade e de baixo custo. Encontraram o cloreto de magnésio (MgCl2), um componente abundante na natureza e usado como coagulante na preparação do tofu - iguaria de origem chinesa e disseminada principalmente no Japão e na Coreia. 

Para Jon Major, o procedimento para obtenção do MgCl2 é bem mais fácil e barato porque pode ser extraído da água do mar. Pode ser aplicado sobre camadas finas de células fotovoltaicas por um simples dispositivo de pulverização. 

“O MgCl2 permite produzir células com eficiências semelhantes às obtidas com CdCl2, em torno de 15%; estes resultados podem influenciar profundamente a produção de células fotovoltaicas”, conclui Major. 

A técnica testada com êxito pelo grupo de Liverpool parece bem promissora, porque utiliza um insumo básico ambientalmente amigável, que não requer pesados dispositivos de reciclagem. Uma contribuição importante para se chegar a uma cadeia de produção fotovoltaica sustentável. 

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