segunda-feira, 10 de novembro de 2014

França: antigos ‘lixões’ dão lugar a usinas solares

Antes ocupados por dejetos, terrenos degradados podem impulsionar fotovoltaico no país

Usina fotovoltaica de 7 MWp, instalada em antigo ‘lixão’ de Châteaurenard, na região de Bouches-du-Rhône (FOTO: La Compagnie du Vent/Lionel  Barbe) Le Journal des Énergies Renouvelables No 223, setembro-outubro 2014

Um dos países europeus que mais tem investido em fontes renováveis, a França mira terras degradadas para a produção de energia solar. 

Se usinas fotovoltaicas são importantes para fomentar a fonte solar no país, conflitos de uso da terra, especialmente com a agricultura, devem ser evitados.

Embora terrenos degradados e condenados – como antigos lixões – representem uma solução consensual, nem sempre é fácil ocupá-los com centrais solares. 

Uma enquete feita pela agência de desenvolvimento Asadac Territoires em municípios da região de Savoia revelou que, dos 30 antigos lixões sondados, 18 deles foram ou estariam habilitados para dar lugar a parques solares fotovoltaicos. 

“Antigos lixões são sempre problemáticos; causam má impressão, não suportam fundações para construções de porte e a maior parte deles é inadequada para a agricultura”, declarou Richard Cécillon, consultor da Asadac, responsável pela enquete. 

Nessa ótica, as centrais solares podem ser uma boa solução para esses espaços, já que “é uma forma de valorizá-los, levando benefícios à comunidade local, via recursos arrecadados com o aluguel e a exploração das terras”, conclui Cécillon. 

Aliás, segundo a agência Asadac, a população local mostra-se favorável à ocupação desses terrenos por empreendimentos deste tipo; locais que simbolizavam degradação, dando lugar à produção de energia limpa. 

Do ponto de vista dos realizadores de parques geradores de energia solar, os terrenos degradados oferecem certas vantagens importantes. 

Mesmo os mais afastados dos centros urbanos, localizam-se próximos de rodovias regionais ou nacionais, o que facilita a conexão das centrais solares com a rede elétrica. 

Em Châteaurenard, na região de Bouches-du-Rhône, a empresa de energia Compagnie du Vent inaugurou em maio deste ano uma usina fotovoltaica de 7 MWp, instalada numa antiga área de descarga de dejetos agrícolas (foto). 

“Os moradores das proximidades aceitaram de bom grado a instalação solar, que poderá até receber visitas pedagógicas. Antes, o terreno só servia de depósito clandestino de eletrodomésticos e carcaças de automóveis”, disse o prefeito de Châteaurenard, Bernard Reynès. 

Ao optar por antigas áreas degradadas, projetos com capacidade instalada acima de 250 kWp e que preveem a “restauração ecológica” do terreno são considerados prioritários nas licitações. 

No entanto, dependendo do tipo de descarga que o terreno recebia e do seu tamanho, pode haver restrições para sua ocupação com projetos de energia solar. 

Áreas com menos de 3 hectares não são elegíveis, uma vez que os custos fixos referentes à conexão da usina à rede elétrica inviabilizam o empreendimento. 

Outra situação desfavorável é quando não há registro histórico sobre o tipo de descarga acumulada no terreno.

Neste caso, os próprios empreendedores postulantes são obrigados a fazer o levantamento e providenciar a reabilitação e a segurança da área, o que pode inviabilizar economicamente a implantação da central solar. 

Fonte: Le Journal des Énergies Renouvelables No 223, setembro-outubro 2014

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