sexta-feira, 15 de maio de 2015

França: 3 bilhões de euros movimentam mercado eólico

Energia dos ventos responde por 4% do consumo elétrico francês e deve chegar a 10% em 2020

Adaptado de http://sanglier.villerouge.pagesperso-orange.fr/majeur/attache.html

Quando o assunto é a proliferação de parques eólicos país afora, os franceses só não expressam indiferença. 

Numa sondagem recente feita por uma rede de televisão, enquanto alguns entrevistados declararam amor, outros demonstraram ódio às “damas brancas”.

Com cerca de 9 GW eólicos instalados, a França tem como meta para o final da década dispor de uma potência eólica de 25 GW, sendo 19 GW terrestres e 6 GW no mar. 

São atualmente quase 5 mil unidades espalhadas pelo “hexagone” – cujo mastro/rotor pode alcançar até 130 metros de altura – um número de instalações que deve triplicar daqui há cinco anos. 

Esses gigantes de ferro ganham cada vez mais espaço na paisagem e no debate político do país, razão pela qual o canal de TV France 3 quis saber quem são os grandes beneficiários dessa energia verde. 

Em pequenas comunidades, como Treilles, de 250 habitantes – na região do Languedoc-Roussillon (sudoeste francês) – os seis geradores eólicos instalados desde 2000 evitaram o aumento de impostos locais e até geraram postos de trabalho. 

A “taxa profissional”, recolhida pelo proprietário dos aerogeradores à prefeitura, passou de 54.352 euros a 225.000 euros nos últimos 15 anos. 

Alguns pequenos proprietários agrícolas, tentados pela promessa de “dinheiro fácil” do mercado eólico, acabam desistindo do negócio quando se dão conta do tamanho das torres que seriam instaladas em suas propriedades. 

De fato, os maiores beneficiários desse mercado são os operadores, que anunciam aos quatro ventos a energia eólica como um negócio extremamente rentável. 

Cada vez mais encorajados pelo Estado, os empreendedores da energia dos ventos dividem um mercado que alcançou a extraordinária cifra anual de 3 bilhões de euros. 

A enquete realizada pela France 3 destrinchou o modus operandi dos lobbies em prol da energia eólica, a forma como as grandes corporações garantiram subsídios generosos para o setor. 

Regulamentações em vigor asseguram que toda a energia produzida no país pelas “torres brancas” seja comprada pela estatal EDF (Énergie de France), a tarifas duas vezes mais altas que as do mercado elétrico convencional. 

Já os detratores dos parques eólicos alegam, entre outras coisas, que, quanto mais aerogeradores são instalados, mais termelétricas poluidoras são necessárias. 

Isto porque a imprevisibilidade dos ventos não permite aos geradores eólicos atender às demandas em horários de pico. Assim, a emissão de CO2 oriunda das centrais de apoio a combustível fóssil anularia a aparente vantagem ambiental da geração eólica. 

Mas há contra-argumentos sólidos nesta questão. Fenômenos de intermitência de ventos seriam compensados pela dispersão das instalações eólicas espalhadas por todo o território francês. 

Dispondo de uma matriz elétrica com 77% nuclear, 13% hidráulica, e os 10% divididos ao meio entre fontes limpas (eólica, solar e biomassa) e fósseis (carvão, gás e diesel), a pequena parte provida pelos ventos (4%) não necessariamente requer geração térmica de apoio. 

Mas a questão da neutralidade em emissões de CO2 na geração eólica não deixa de causar polêmica e de influenciar aqueles que se declaram pró ou contra a energia dos ventos. Além de muitas outras razões reveladas na enquete realizada pela France 3.

Fontes: Le Monde (edição impressa), de 6 de maio de 2015

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