segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Cientistas produzem fibras de carbono a partir de CO2 atmosférico

Novo estudo mostra que gás carbônico pode ser transformado a baixo custo em nanotubos de carbono

http://www.iflscience.com/method-removing-carbon-dioxide-air-could-return-us-pre-industrial-revolution-co2-levels (FOTO: Tom Wang/Shutter Stock)

Pesquisadores americanos conseguiram uma expressiva redução de custo na fabricação de nanofibras de carbono, usando como insumo o CO2 do ar. 

O nanocomposto é obtido via processo eletroquímico e eletricidade solar.

Historicamente de fabricação difícil e onerosa, os nanotubos de carbono agora podem ser obtidos com eletricidade de baixa tensão, fornecida pela luz solar. 

É o que lograram cientistas da Universidade George Washington, liderados por Stuart Licht, em uma pesquisa publicada recentemente na Nano Letters da Sociedade Química Americana (ACS, na sigla em inglês). 

O estudo traz alento à produção em larga escala dessas estruturas de carbono. O processo inovador utiliza dois eletrodos imersos em uma solução de carbonato de lítio. 

Quando a eletricidade passa através da solução, as fibras de carbono começam a se formar em um dos pólos da cuba eletrolítica (cátodo), enquanto oxigênio é liberado no outro (ânodo). 

Sob uma baixa tensão elétrica, fornecida por energia solar fotovoltaica, os nanotubos de carbono são produzidos a um custo bem menor que o requerido por métodos tradicionais. 

A pesquisa do grupo americano é mais uma entre muitas que buscam capturar o CO2 presente na atmosfera e, sem seguida, sequestrá-lo. 

Ou utilizá-lo como insumo para a fabricação de materiais de alta performance, com inúmeras aplicações tecnológicas, como os nanotubos de carbono. 

Atualmente, a produção dessas nanoestruturas de carbono a partir do CO2 atmosférico ainda tem um elevado custo, daí a importância das pesquisas. Custa 30 a 100 vezes mais que a produção de alumínio, diz um estudo do MIT. 

No que se refere à possibilidade de consumo do CO2 do ar como forma de reduzir a concentração desse gás e, portanto, limitar o aquecimento climático, alguns cientistas se mostram céticos. 

“A captura de CO2 do ar lida com enormes volumes de gás o que, em grande escala, elevaria muito o custo do processo”, declarou a engenheira química Katy Armstrong, da Universidade de Sheffield. 

O método desenvolvido pela equipe de Stuart Licht tem uma capacidade de produzir 10 g de nanofibras por hora. 

“Se o objetivo é fazer nanofibras de carbono, eu diria que é louvável, porque é um produto que vale a pena. Mas se a ideia é retirar CO2 da atmosfera visando [com uma grande quantidade de nanofibras produzida] frear a mudança climática causada pela concentração desse gás, eu ficaria surpreso se conseguissem”, destacou Paul Fennell, pesquisador do Imperial College, de Londres. 

Na contramão do ceticismo, o Dr. Licht acredita que, em larga escala, o método desenvolvido pelo seu grupo pode criar um efeito drástico sobre a concentração atmosférica de CO2. 

“Com uma área menor que 10% do território ocupado pelo Deserto do Saara, calculamos que é possível reduzir a concentração atmosférica de CO2 ao mesmo nível pré-revolução industrial, num horizonte de 10 anos”, declarou Licht em evento recente da ACS, em Boston.

Falta combinar com investidores e com o sistema financeiro internacional. 

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