Participação
do carvão e do gás natural na matriz elétrica dos EUA. Adaptado de Les Echos - Le quotidien de l’économie, de 4 de agosto de 2015. (Fonte: U.S. Energy Information Administration -
EIA / Foto: Shutterstock)
Enfim
uma boa notícia para o clima planetário vinda dos Estados Unidos.
O
governo americano anunciou no último dia 3 que pretende reduzir em 32% as
emissões de CO2 de centrais elétricas até 2030, em relação ao nível de
2005.
A
poucos meses da conferência mundial sobre o clima (COP21) e do final do seu
mandato, Barack Obama anuncia metas que impõem uma ruptura ao segundo país mais
poluidor do mundo.
Até
então, nenhuma meta limitando a quantidade de gases poluentes havia sido
oficialmente declarada pelos Estados Unidos.
A
reação de industriais do setor de carvão foi imediata, especialmente nos Estados
onde a geração elétrica baseada neste combustível é importante, a exemplo de
Wyoming e Virgínia Ocidental.
O
governo federal impõe a meta de redução de emissões poluentes, mas deixa livres os Estado para decidirem como atingi-la; eles devem apresentar seus planos de ação até 2018
e executá-los até 2022.
Um
sistema de cotas de “direito a poluir”, negociáveis entre os Estados, está
previsto no projeto, para conferir flexibilidade ao processo
de transição rumo às energias limpas.
A
participação do gás natural na matriz elétrica deve se manter em torno de 30%
(gráfico), enquanto que a de fontes renováveis deve alcançar 28% (13% em 2014),
em detrimento da geração à base de carvão.
Atualmente,
a eletricidade oriunda de centrais a carvão responde por 40% da energia consumida nos diversos setores da economia americana. De 2010 a 2015, a participação deste combustível na matriz elétrica
do país caiu de pouco menos de 48% para 30% (gráfico).
Autoridades
econômicas dos EUA estimam em 8,4 bilhões de dólares por ano o
custo do programa de redução de emissões anunciado por Obama.
Mas
também avaliam que a economia global, incluindo saúde, com uma matriz energética mais limpa
deve alcançar entre 34 e 54 bilhões de dólares anuais. Cada família norte-americana
economizaria em média 85 dólares, em gastos de energia e saúde.
Já
o país que mais emite gases de efeito estufa (25% do total), a China, vai levar à COP21 de Paris uma meta igualmente ambiciosa: 20% de energia renovável até
2030.
O crescimento anual do consumo de carvão, que foi de 9 a 10% entre 2000 e 2010, recuou
3% em 2014. O governo chinês decidiu fechar as usinas mais poluidoras e não
abrir novas centrais a carvão.
E
o que esperar da União Europeia? Sua meta de reduzir emissões em 40% até 2030
(em relação ao nível de 1990) não faz mais do bloco um carro-chefe na luta
contra o aquecimento global.
O
objetivo fixado para a participação de fontes renováveis, de 27% em 2030, é
pouco arrojado em relação ao engajamento anterior, de 20% de energias limpas
em 2020.
Ainda
afetado pelas consequências do acidente nuclear de Fukushima, o Japão vai levar à
COP 21 uma meta que deixa a desejar: – 26% de emissões de GEE em 2030.
Ao
contrário de outros países desenvolvidos, que fixam suas metas com base em 1990
ou 2005, a redução anunciada pelo país nipônico se refere a 2013. Referenciada
a 1990, a meta japonesa cai para 18%.
O
Brasil ainda não anunciou os compromissos que levará à conferência de Paris.
Com
uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, nossas emissões provinham
essencialmente de queimadas na região amazônica. De 1990 a 2012, passaram de
70% a 30% do total emitido, mas nos últimos anos voltaram a crescer.
Fonte: Les Echos - Le quotidien de l’économie, edição impressa
(4 de agosto de 2015)
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