sexta-feira, 7 de agosto de 2015

COP21: anúncio de Obama traz alento para conferência mundial sobre o clima

Maiores poluidores do globo, EUA e China se comprometem com metas de redução ambiciosas

Participação do carvão e do gás natural na matriz elétrica dos EUA. Adaptado de Les Echos - Le quotidien de l’économie, de 4 de agosto de 2015. (Fonte: U.S. Energy Information Administration - EIA / Foto: Shutterstock)

Enfim uma boa notícia para o clima planetário vinda dos Estados Unidos. 

O governo americano anunciou no último dia 3 que pretende reduzir em 32% as emissões de CO2 de centrais elétricas até 2030, em relação ao nível de 2005.

A poucos meses da conferência mundial sobre o clima (COP21) e do final do seu mandato, Barack Obama anuncia metas que impõem uma ruptura ao segundo país mais poluidor do mundo. 

Até então, nenhuma meta limitando a quantidade de gases poluentes havia sido oficialmente declarada pelos Estados Unidos. 

A reação de industriais do setor de carvão foi imediata, especialmente nos Estados onde a geração elétrica baseada neste combustível é importante, a exemplo de Wyoming e Virgínia Ocidental. 

O governo federal impõe a meta de redução de emissões poluentes, mas deixa livres os Estado para decidirem como atingi-la; eles devem apresentar seus planos de ação até 2018 e executá-los até 2022. 

Um sistema de cotas de “direito a poluir”, negociáveis entre os Estados, está previsto no projeto, para conferir flexibilidade ao processo de transição rumo às energias limpas. 

A participação do gás natural na matriz elétrica deve se manter em torno de 30% (gráfico), enquanto que a de fontes renováveis deve alcançar 28% (13% em 2014), em detrimento da geração à base de carvão. 

Atualmente, a eletricidade oriunda de centrais a carvão responde por 40% da energia consumida nos diversos setores da economia americana. De 2010 a 2015, a participação deste combustível na matriz elétrica do país caiu de pouco menos de 48% para 30% (gráfico). 

Autoridades econômicas dos EUA estimam em 8,4 bilhões de dólares por ano o custo do programa de redução de emissões anunciado por Obama. 

Mas também avaliam que a economia global, incluindo saúde, com uma matriz energética mais limpa deve alcançar entre 34 e 54 bilhões de dólares anuais. Cada família norte-americana economizaria em média 85 dólares, em gastos de energia e saúde. 

Já o país que mais emite gases de efeito estufa (25% do total), a China, vai levar à COP21 de Paris uma meta igualmente ambiciosa: 20% de energia renovável até 2030. 

O crescimento anual do consumo de carvão, que foi de 9 a 10% entre 2000 e 2010, recuou 3% em 2014. O governo chinês decidiu fechar as usinas mais poluidoras e não abrir novas centrais a carvão. 

E o que esperar da União Europeia? Sua meta de reduzir emissões em 40% até 2030 (em relação ao nível de 1990) não faz mais do bloco um carro-chefe na luta contra o aquecimento global. 

O objetivo fixado para a participação de fontes renováveis, de 27% em 2030, é pouco arrojado em relação ao engajamento anterior, de 20% de energias limpas em 2020. 

Ainda afetado pelas consequências do acidente nuclear de Fukushima, o Japão vai levar à COP 21 uma meta que deixa a desejar: – 26% de emissões de GEE em 2030. 

Ao contrário de outros países desenvolvidos, que fixam suas metas com base em 1990 ou 2005, a redução anunciada pelo país nipônico se refere a 2013. Referenciada a 1990, a meta japonesa cai para 18%. 

O Brasil ainda não anunciou os compromissos que levará à conferência de Paris. 

Com uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, nossas emissões provinham essencialmente de queimadas na região amazônica. De 1990 a 2012, passaram de 70% a 30% do total emitido, mas nos últimos anos voltaram a crescer. 

Fonte: Les Echos - Le quotidien de l’économie, edição impressa (4 de agosto de 2015)

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