http://aprobio.com.br/2015/12/12/divulgada-nova-versao-do-draft-para-acordo-climatico-em-paris/
A
21ª Conferência das Partes (COP21) reuniu em Paris representantes de 195 países
no final de 2015, em busca de novos compromissos em prol do clima.
Manter
a elevação do aquecimento planetário “significativamente” abaixo dos 2oC
(se possível, meio grau abaixo disso) até o final do século é “urgente”, diz o documento final.
A
ideia de fixar uma meta de 1,5oC de aumento – em relação ao nível pré-industrial
– defendida com unhas e dentes por ONGs ambientalistas, foi motivada
principalmente por pequenos países insulares, os mais vulneráveis às
consequências catastróficas do aquecimento global.
Só
que a ciência já decretou a impossibilidade de tal meta ser atingida. Em
outubro de 2014, a temperatura planetária chegou a 1oC acima daquela
verificada no final do século XIX. Previsões de especialistas do clima apontam
para um aumento “inercial” de 0,6oC na temperatura média do planeta,
até o final do século XXI.
Ou
seja, se a Terra literalmente “se apagasse” hoje, se toda atividade antrópica
fosse interrompida, o atual potencial radiativo dos gases de efeito estufa provocaria
aquele aumento de temperatura.
Por
outro lado, fenômenos naturais como o El Niño (atualmente em curso no Oceano
Pacífico) podem atenuar o avanço do aquecimento climático, mas não por longos
períodos.
Enfim,
nada no horizonte que permita vislumbrar um aumento da temperatura média abaixo
dos 1,5oC, com as ações preconizadas na COP21. Mas então por que
essa meta consta do documento final da Conferência?
Por
uma parte, para que se chegasse a um acordo “consensual”. Só que o próprio texto deixa
claro a incongruência de se fixar um “objetivo climático” abaixo dos 2oC
(estabelecido na COP15, em Copenhague), uma vez que este último já
demonstra-se bastante audacioso ou até irrealista.
Em
seu preâmbulo, diz que “é preciso reduzir o fosso entre o efeito global do
engajamento das Partes para atenuar a mudança climática e os perfis de evolução
das emissões globais compatíveis com a perspectiva de conter a elevação da
temperatura significativamente abaixo dos 2oC”. E recomenda a busca
de ações para limitar o aumento a 1,5oC.
É
evidente que incluir no texto final uma meta um tanto quanto inexequível teve um
caráter “diplomático”, que traz alento à possibilidade de se antecipar ações globais
corretivas em prol do clima.
Isto
porque cria uma base formal para que países menos emissores de gases deletérios
por habitante possam se beneficiar de suporte técnico e financeiro (das nações
mais ricas e poluidoras) para reduzir suas emissões, além de prever mecanismos
eficazes para limitar as desflorestações tropicais.
O
abismo entre os compromissos voluntários assumidos na COP21 e o objetivo
climático a ser alcançado é quantificado em outra parte do relatório.
Os
engajamentos assumidos preconizam um limite de 55 bilhões de toneladas de emissões
(em CO2 equivalente) em 2030. Só que para limitar o aquecimento em 2oC,
as emissões totais não poderiam passar de 40 bilhões de toneladas por ano.
Em
outras palavras, para se lograr essa meta, as emissões mundiais precisariam ser
reduzidas drasticamente até 2050 (entre 40 e 70%) e uma economia praticamente
neutra em carbono precisaria vigorar durante a segunda metade do século.
Em
2014, as emissões (apenas de CO2) causadas por combustíveis fósseis e pela produção
de cimento somaram 36 bilhões de toneladas.
Uma
ambiguidade patente expressa no documento final da Conferência, que não pode
ser taxada de posição demagógica do conjunto das Partes. O tempo dirá quem
ganha com o acordo aprovado, se a “saúde” do clima ou os lobbies de energias
fósseis.
Temática extremamente importante para as discussões e tomada de consciência sobre a saúde do nosso Planeta!! À vida!!
ResponderExcluirEnquanto perdurar a ideia da obsolescência programada e o consumismo for uma ideologia aceita pela maioria, teremos pouca chance de atingir este objetivo. Mas tudo pode mudar...
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